sábado, 27 de fevereiro de 2010

Lamborghini - Sociedade de Consumo




Você não vai ser um dos donos do novo Reventon Roadster. Essa é a mensagem que a Lamborghini quer mostrar para nós, babões.
O comercial de pouco mais de 2 minutos é suficiente para nos dar um tapa na cara e tornar-nos excluídos através de probabilidades: É mais provável sermos atingidos por um meteoro do que termos na garagem um Lamborghini como esse.
Um comercial forte como esse, obriga-nos a pensar um pouco sobre a sociedade de consumo atual.
Não concordo com afirmações sem fundamento do tipo: "A publicidade tem o poder de mudar hábitos e costumes e manipular as pessoas." Não. Se tem algo que a publicidade não faz é forçar o consumidor a algo.
"A publicidade não consegue fazer com que se deseje o indesejável." (Gilles Lipovetsky)
Grande Lipovetsky! Frase pequena, porém de amplo significado.
Portanto, a publicidade não força você a levantar do sofá, sair correndo à uma loja de automóveis e torrar sua conta bancária para matar a vontade de dirigir um carrão. Ela somente impulsiona desejos anteriores, ou seja, vontades que o indivíduo já estava sentindo, porém havia caído no esquecimento. Reanimadora de desejos é uma boa tradução para a publicidade.
Concordo que ela acaba, muitas vezes, criando a exclusão.
Exclusão essa que move uma sociedade pautada no consumismo excessivo, mas jamais isso é devido à publicidade, e sim à má distribuição de renda e falta de instrução por parte dos consumidores.
Hoje os indivíduos têm de consumir para se sentir melhor, elevar seu grau na escala do status. Esse é um estereótipo formado pela nossa sociedade de consumo, onde a regra básica é: tenho, logo existo.
Mas dizer que a publicidade é a ferramenta impulsionadora disso, é pura besteira. Ela nada mais é do que o elo entre fornecedor - consumidor.
Comerciais como este da Lamborghini geram, sim, certo desconforto e nos remetem à exclusão. Mas basta termos bom senso e sabedoria para não cairmos nas garras do capitalismo moderno. Obviamente que estamos expostos e de alguma forma participamos dessa sociedade. Porém, essa participação tem de ser feita de forma controlada, segura e, acima de tudo, sábia.
O consumismo está em alta pois além dos fatores já mencionados, o indivíduo age impulsivamente e somente depois que vê sua conta bancária cai a ficha do que cometeu.
Por isso o governo, já que se preocupa tanto com sua população, deveria investir em políticas de instrução econômica, orientando e trazendo à tona os problemas de uma vida baseada em consumismo excessivo ao seu povo. Mas, certamente que nunca farão isso porque os lucros e o bolso cheio de peixinhos fala muito, muito mais alto.

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